O Pantanal é conhecido como a maior planície alagada do mundo, porém tem sofrido incessantemente com focos de incêndio, que alcançaram a marca de 4 mil focos somente esse ano, um aumento drástico da marca de 1.475 focos do ano passado, segundo medições do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A estiagem tem sido severa, e em junho deste ano o Rio Paraguai, a principal bacia hidrográfica do Pantanal, teve sua maior marca da estiagem em 47 anos, chegando a apenas 2.10 metros de acordo com a medição da Marinha do Brasil. Essa falta de umidade no bioma agrava a situação, porém por mais que seja natural incêndios em épocas de seca, o número de queimadas causadas por ações humanas aumenta consideravelmente.
Quanto a isso a organização SOS Pantanal afirma que 15% do bioma pantaneiro foi convertido em pastagem até esse ano, e com isso a atividade humana no local tem sido mais constante, abarcando práticas agrícolas como o uso do fogo para limpar a pastagem. Uma ação perigosa para uma área mais seca do que o normal e com muitos ventos, como o Pantanal. Fatores que fazem com que o fogo saia facilmente de controle quando as fagulhas levadas pelo vento encontram biomassa seca e se alastram sem cessar.
Contudo, esse ano o fogo chegou mais cedo, em março, época de cheias, e ainda se alastra pelo Pantanal, onde 10,3% da cobertura vegetal do bioma foi perdida, neste que é considerado o maior incêndio de sua história.
Diante dessa situação, qual rumo tomar? Como prevenir que o Pantanal queime? Primeiramente, a estratégia de conscientização parece ser a mais sensata, no sentido de que o controle das queimadas depende diretamente das pessoas pararem de usar o fogo como uma ferramenta agrícola.
Mas segundo Neiva Guedes, que é bióloga brasileira, especialista em meio ambiente e conservação de espécies, e diretora do Instituto Arara Azul no Pantanal existem outras atitudes que podem ser tomadas. Como o zoneamento do Pantanal, o planejamento de uma lei específica para toda a região pantaneira que não se delimita a territorialidade dos estados, e a introdução da bioeconomia e de uma economia circular para o desenvolvimento do Pantanal, fazendo com que o crescimento da região não dependa da exploração desequilibrada da vegetação, mas da preservação. Por fim, a pesquisadora ainda lembra que parte da umidade do pantanal vem da Amazônia, através dos Rios Voadores, e que o desmatamento da Amazônia pode trazer consequência para o Pantanal, já que as alterações no sistema climático tendem a provocar evento extremo.
Portanto, fica clara a gravidade e complexidade dos incêndios no Pantanal, onde segundo apurações do Ministério Público do Mato Grosso do Sul cerca de 40% das ações de desmatamento ocorrem de forma ilegal, destruindo matas ciliares e provocando queimadas sem qualquer aval da lei.
SOS Pantanal: http://www.sospantanal.org.br/
Instituto Arara Azul: https://www.institutoararaazul.org.br/
Ministério Público Mato Grosso do Sul: https://www.mpms.mp.br/
------------------------
Escrito por Giovana Angeloti
Commentaires