A confiança entre delegações é abalada após notícias surpreendentes, entretanto, países como Indonésia e Brunei permanecem em sua posição de defesa ao acordo sobre o MSC.
O segundo dia de debates (05) da Cúpula do Leste Asiático começou com notícias surpreendentes, troca de farpas entre delegações e acusações de incoerência vinda de todos os lados.
Em um primeiro momento, uma breaking news abalou a confiança entre as delegações da República Popular da China, Estados Unidos da América, República da Indonésia e Estado do Japão: “Estados Unidos da América, Indonésia e Japão realizam exercícios militares na região do mar do sul da China”. O motivo foi justificado como “apenas um treinamento para qualquer imprevisto futuro” pelo representante da Indonésia, e concordado pelo Japão que reafirma a importância de treinamento militares justificando estarem dentro dos princípios do Direito Internacional do Mar. Entretanto, a delegação chinesa pede a retirada de qualquer atividade militar americana perto do seu território, ou serão aplicadas sanções aos EUA.
Já nas trocas de farpas, a tensão entre Japão e Rússia aumenta. A delegação russa acusa a japonesa de incoerência “Japão não sabe o que é o princípio da boa-fé”, além da falta de comunicação entre suas forças armadas e Ministério das Relações Exteriores, após falas japonesas sobre o ocorrido. Somado a isso, após uma acusação também de incoerência dos EUA para a Rússia - que fala de invasão mas está envolvida na guerra com a Ucrânia - a delegação chinesa defende a Russa com tom irônico “a guerra da Ucrânia e da Rússia é nos mares”.
Fica acordado, portanto, questões como desmilitarização da área por parte dos Estados Unidos e China, bem como a patrulha de forma rotativa entre os países da região. Ademais, limita-se a entrada de navios bélicos de 15 mil toneladas para melhor administração e garantia da soberania dos mesmos. Concordância na segurança do local, com combate a pirataria, tráfico de pessoas e atentados em todo local, com a larga fiscalização das embarcações que lá se encontram.
Na coletiva de imprensa, respostas não tão satisfatórias são dadas pelas delegações da Indonésia e Estados Unidos. O primeiro firma aliança com a República Chinesa, apesar dos imprevistos, e segue firme no acordo entre os países (que trocam até bilhetinhos diplomáticos). Já a delegação americana não especifica suas intenções tanto no acordo, quanto no território do MSC, mas presta apoio a países que o clamam.
Ao final da primeira sessão e ao longo da segunda, o acordo entre os países avança exponencialmente. A principal pauta abordada foi a questão de recursos naturais e energéticos. China, EUA, Brunei, Indonésia, Singapura e Japão concordam com o desenvolvimento de matrizes energéticas renováveis, por meio da alta tecnologia, na Ásia, juntamente com a exploração de petróleo e gás natural no mar do sul da China. A Rússia, por sua vez, discorda totalmente, ao alegar que a exploração de recursos não renováveis seria demorada, cara e pouco sustentável.
Após uma demorada discussão acerca dos recursos energéticos e naturais, outra notícia chega na sala de debates: “China afunda navio pesqueiro de Brunei nas ilhas Spratly”, sob justificativa de proteção da soberania territorial. A confiança se estremece e um pedido de fechamento da sessão, por parte da delegação chinesa, acontece. A Rússia alega censura à imprensa, que por maioria, segue na sessão. Além disso, a discussão acerca da ambiguidade chinesa cresce, mas é esclarecida futuramente, em que todos os países concordam que uma guerra, no momento, não é uma possibilidade e preferem trabalhar com a transparência.
Em suma, países como Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia fazem boas, mas não tão alarmantes ponderações acerca do tratado e dos temas abordados. Aliás, os Estados Unidos da América se demonstram diferentes quanto a sua forma de exercer a diplomacia, ao defender pontos que não necessariamente promovem uma estabelecimento da sua hegemonia, mas sim, como um defensor dos países que o precisam.
Fonte: Ana Júlia Freitas Gomes, Santa Maria - RS, 2022.
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