Delegação chinesa questiona fortemente a presença americana na região do Mar do Sul da China e pede a retirada de forças militarizadas americanas do local.
A República Popular da China foi protagonista nos debates ocorridos nesta sexta-feira (04), ao propor a criação de um bloco econômico integrado, em que participariam apenas países diretamente envolvidos no território do mar do sul da China.
Ao longo do debate, questões como Direito Internacional, Direito do Mar, soberania dos Estados, autodeterminação dos povos e presença de instalações militares na região, foram os mais citados. Nações presentes, sendo elas, Brunei, Comunidade da Austrália, Estado do Japao, Estados Unidos da América, Federação Russa, Nova Zelândia, República da Coreia, República da Indonésia, República de Singapura e República Popular da China, iniciaram a reunião com posicionamentos homogêneos, entre eles, mantimento da comunicação entre países, garantia de livre comércio, prosperidade e paz entre os povos, etc.
Entretanto, devido essa "convergência" de interesses, o ritmo do debate foi de lentidão, um país como os Estados Unidos da América, conhecido pela sua forte intervenção em questões orientais, manteve-se em uma posição de “mediador” da conversa.
Após a longa defesa dos mesmos assuntos em palavras distintas, as delegações iniciaram a discussão da agenda, que seria seguida ao longo dos dias 5 e 6 de novembro. O primeiro tópico abordado foi a desmilitarização da área, a delegação americana provoca a chinesa, que possui instalações militares na região sob pretexto de “patrulha” e segurança. A resposta chinesa foi pouco satisfatória e outras delegações ratificaram o questionamento, frisando o respeito aos seus territórios e soberania marítima.
Em um segundo momento, os Estados Unidos, que periodicamente realizam voos sobre o local, são questionados, pela representante da China, sobre sua participação no debate e seus desejos sobre a região. O mesmo afirma que não tem interesse territorial no mar do sul da China, mas que possui diversos vínculos comerciais e diplomáticos com países presentes. Ainda, a delegação americana, de forma corajosa, diz que a República Chinesa extrapola o sentido de demanda comercial e que não busca a multilateralidade comercial, tão defendida no debate. Somado a isso, a delegação Russa levanta o dado de que os Estados Unidos não ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
Findada, sem conclusão real, a discussão monótona sobre a questão militar dos EUA e da China no território, o Estado chines, com apoio de outros países asiáticos, fez a proposta de criação do bloco econômico integrado, com a presença de união aduaneira, união comercial, mercado comum e livre navegação, somente entre países asiáticos. A delegação japonesa, não surpreendentemente, contesta a proposta, ao afirmar que é necessária a presença dos Estados Unidos, já que tem grande relevância comercial e política.
De forma bilateral, Indonésia, que tem fortes relações com os EUA historicamente, propõe a China uma aproximação comercial e diplomática, mas reafirma de forma incisiva que, se assinar o tratado de criação de um bloco econômico entre os países asiáticos, não cederá nem uma milha náutica de seu território. Com isso, além de idas e vindas em assuntos já debatidos, as delegações finalmente firmam sua agenda de debates, que conta com temas como: a questão da livre navegação na região, patrulhas marítimas descentralizadas, segurança do mar contra pirataria e outros crimes, delimitação de tipos de navios que podem circular, desenvolvimento econômico, entre outros.
Espera-se, portanto, a assinatura do tratado proposto e a presença mais forte de países diretamente afetados, como Brunei e Singapura , em um debate que foi protagonizado pela República Popular da China, Estados Unidos da América, República da Indonésia e que contou com participações especiais da Austrália, Nova Zelândia e Rússia.
Ana Júlia Freitas Gomes
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