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Países do Eixo Sul discutem propostas para cooperação mútua em Bandung

O encontro visa buscar autonomia fora do eixo EUA-URSS

Está sendo realizado na cidade de Bandung, na Indonésia, a Conferência de países do Eixo Sul que compõem nações independentes da Ásia e África conhecidos como países de terceiro mundo. O objetivo dessa convenção de acordo com os organizadores do evento é para mostrar que os membros participantes se opõem ao modelo proposto pelas nações capitalistas, lideradas pelos Estados Unidos e países comunista, liderados pela União Soviética.

Essa conferência vem num momento em que vários países e territórios antes dominados por potências europeias vêm buscando independência de suas antigas colônias. Além disso, essas nações pretendem alcançar maior representatividade e cooperação entre si, principalmente em áreas estratégicas, como o Oriente Médio, representado por países como Arábia Saudita, Iraque e Jordânia, como nações do Extremo Oriente, como China, Japão e Vietnã e países do continente africano.

No primeiro dia da Conferência, os países produziram uma carta voltada para o Secretário Geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjöld, onde deixaram claro o seu repúdio aos países do Eixo Norte, principalmente os países mais desenvolvidos, acusando-os de tomarem ações de cunho intervencionista e imperialista, impedindo o desenvolvimento das nações asiáticas e africanas que buscam crescimento após processos de independência. Em coletiva com a imprensa, a delegada da China afirmou que seu país está completamente disposto a cooperar com os países membros para se ter uma coexistência pacífica, apesar de ainda não pensar em fazer uma comunicação direta com a República da China, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, não reconhecido pelo regime governado por Mao Tsé Tung. Já a delegada da Jordânia afirmou na terceira sessão da conferência que o objetivo da carta dirigida para as Nações Unidas é valer o direito à autonomia dos países fora do regime de influência dos Estados Unidos e da União Soviética. “Nessa carta não temos a intenção de os agredir diplomaticamente [os países do Eixo Norte], mas pedimos por meio da carta mais liberdade de escolha em quem devemos cooperar ou não”, afirmou a delegada.

Na segunda sessão das discussões, foi proposto pela delegada do Vietnã um pacto entre os países participantes da conferência no qual eles se comprometeram em fazer cooperação de intercâmbio cultural, como um sinal de distanciamento das práticas culturais estadunidenses e soviéticas. Além disso, a delegada da Filipinas sugeriu que se fizessem gincanas ou competições no mesmo estilo das Olimpíadas com o objetivo de promover melhor as expressões culturais dos países, proposta que foi rejeitada pela maioria dos outros membros da conferência.

As últimas sessões da conferência pretendem preparar um documento no qual se espera decidir alguns princípios que os países desejam colocar em prática entre eles, como cooperação econômica, na área educacional e no combate ao racismo na promoção da paz.


Wando Moreira Cavalcanti



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